24, Mar 2025
Não fui ensinada a cuidar de mim

Ao longo do tempo, tenho aprendido, da forma mais desafiadora possível, a importância de cuidar de mim mesma. De me amar, me priorizar e entender que isso não é uma tarefa fácil — é um exercício diário de paciência, auto compreensão e compaixão. Muitas vezes, me pego pensando nas tarefas da casa, no meu filho, no meu marido… ou seja, em tudo, menos em mim. Isso acontece porque, desde pequena, fui ensinada a cuidar dos outros, a colocar as necessidades de quem amo à frente das minhas. Minha linguagem de amor sempre foi o cuidado. Hoje, estou no processo doloroso, porém libertador, de desaprender a negligência que sempre direcionei a mim mesma. Nos últimos tempos, essa lição se tornou inadiável: percebi que meu autoabandono foi tão profundo que meu corpo precisou gritar — através de sintomas que eu teimosamente ignorei.

Por anos, carreguei tensões no pescoço e no lado esquerdo do corpo como se fossem “normais”. Aceitei noites de sono leve e fragmentado como rotina. Desenvolvi um tique nervoso, uma tentativa desesperada da minha mente de aliviar a pressão que eu mesma não ousava reconhecer. Ignorei intolerâncias alimentares, como glúten e lactose, como se meu desconforto fosse um preço justo a pagar por não “causar incômodo”. Eu estava em descompasso comigo mesma.

E, ainda assim, quando finalmente entendi que precisava me priorizar, fui tomada por uma culpa sufocante. “Como cuidar de mim se há outros que precisam mais?” Essa pergunta, plantada em mim desde a infância, ecoava como um mandato. Fui ensinada a acreditar que meu valor estava no quanto eu me doava — nunca no quanto eu me preservava.

As raízes do autoabandono

Nossas heranças familiares são como códigos invisíveis: aprendemos que certas dores são “normais”, que sacrifício é sinônimo de amor, e que colocar-se em primeiro lugar é egoísmo. Crescemos acreditando que somos responsáveis pelo bem-estar alheio, mesmo que isso custe nosso próprio. E quando, finalmente, decidimos dizer “agora é minha vez”, a culpa nos arrasta de volta ao lugar de sempre — o de cuidadoras que nunca foram cuidadas.

Estou descobrindo aos poucos que, não podemos dar o que não temos. Como ajudar alguém a atravessar um rio se estamos nos afogando?

O deserto e a descoberta

Atravessei metade desse deserto sozinha, carregando pesos que não me pertenciam. Hoje, entendo que a outra metade do caminho não precisa ser percorrida com a mesma mochila de culpa. A cura é lenta, sim. Há camadas a serem desmistificadas, crenças a serem questionadas, e um longo caminho até que o autocuidado deixe de ser um ato de rebeldia para se tornar um direito natural.

Hoje, mesmo com muitos desafios pela frente, sinto algo diferente: leveza. A leveza de quem começa a se ver não como uma obrigação, mas como uma prioridade.

Se você também está nessa jornada, lembre-se:
“Você não está abandonando os outros ao cuidar de si. Está apenas garantindo que, quando quiser ajudá-los, estará inteira — e não esgotada.”


Quantas de nós fomos treinadas para servir, mas nunca para sermos servidas? Comente se você também está reaprendendo a se colocar em primeiro lugar.)

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